Desde o surgimento das primeiras redes de computadores, um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas era a falta de padronização na interligação de máquinas de diferentes fabricantes. No início, cada fabricante desenvolvia seus próprios mecanismos de comunicação, buscando manter os clientes fiéis à sua marca—a prática conhecida como vendor lock-in. Isso limitava as opções dos usuários, forçando-os a adquirir produtos do mesmo fornecedor. Exemplos notáveis incluem os computadores da DEC, que utilizavam o protocolo DECnet, e os sistemas da Novell, que adotavam os protocolos IPX/SPX. Usuários mais experientes podem se lembrar da configuração do NetBIOS em versões antigas do Windows.

Com a evolução da tecnologia de redes, novas versões de protocolos surgiram rapidamente, muitas vezes sem compatibilidade com versões anteriores, agravando o problema da interoperabilidade. A padronização da comunicação entre redes só foi alcançada com a adoção do TCP/IP, um protocolo aberto desenvolvido inicialmente pela DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) e posteriormente popularizado pela Universidade da Califórnia em Berkeley ao integrá-lo ao BSD Unix. Esse avanço permitiu a criação da Internet como a conhecemos hoje, garantindo a comunicação entre dispositivos de diferentes fabricantes de forma unificada.

A criação de padrões abertos acessíveis a qualquer empresa ou usuário é fundamental para o sucesso de qualquer arquitetura de sistemas. Com o tempo, as empresas perceberam que o processo de padronização poderia beneficiar a todos e começaram a definir novos padrões. Surgiram, então, as primeiras organizações responsáveis por definir e manter protocolos de comunicação abertos. A IETF (Internet Engineering Task Force) foi uma das pioneiras, mantendo e evoluindo o TCP/IP e muitos outros protocolos de aplicação utilizados na Internet, como os usados para e-mail, roteamento e DNS. Nesse processo, os fabricantes também passaram a se juntar a essas organizações, contribuindo e abrindo seus próprios protocolos.

Atualmente, diversas organizações são responsáveis por definir não apenas protocolos, mas também interfaces de comunicação entre sistemas, as famosas APIs. Na área de redes móveis, a 3GPP (3rd Generation Partnership Project) desenvolve grande parte dos padrões técnicos para tecnologias como 5G e 6G, enquanto a GSMA (GSM Association) promove a adoção e a coordenação desses padrões junto às operadoras, além de iniciativas como o OpenGateway. Já a WBA (Wireless Broadband Alliance) e a Wi-Fi Alliance são responsáveis por definir padrões de Wi-Fi, como EasyMesh e OpenRoaming. Há ainda muitas outras entidades, como ITU-T e W3C, com grande interseção de atribuições. Normalmente, mais de um órgão trabalha em conjunto na definição dos mesmos padrões, garantindo a evolução e a interoperabilidade das tecnologias de comunicação.

Para os provedores de acesso, duas organizações ganham destaque: o TM Forum e o Broadband Forum. O TM Forum é responsável por definir interfaces de comunicação entre os diversos sistemas de um provedor e pela iniciativa Open Digital Framework (ODF), que reúne arquiteturas e APIs (como a Open Digital Architecture – ODA) para integração de sistemas de Telecom, viabilizando serviços como Network as a Service (NaaS) e Connectivity as a Service (CaaS). Já o Broadband Forum trata dos padrões de comunicação que vão desde a residência do cliente até o core da rede. São dele os famosos protocolos de gerenciamento de roteadores TR-069 (CWMP) e TR-369 (USP). Ambas as organizações contam com a participação das maiores operadoras do mundo, assegurando a interoperabilidade de dispositivos de rede e sistemas.

No Brasil, é importante destacar o programa OpenRAN@Brasil, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Ao incentivar a adoção de interfaces padronizadas e abertas, o programa busca reduzir a dependência de fornecedores únicos e promover a competitividade, sobretudo no atual cenário das redes móveis desagregadas e da convergência entre redes fixas e móveis. Por meio de plataformas de teste e ambientes de experimentação, o OpenRAN@Brasil estimula startups e empresas a integrarem soluções de conectividade, conferindo maior protagonismo ao Brasil, inclusive em fóruns internacionais.

OpenRAN@Brasil - 2o Workshop Interno (3-4 April 2023): Gerenciamento Dinâmico de Redes Definidas por Software por meio de Gêmeos Digitais · Indico

A evolução das redes de computadores só foi possível devido à adoção de padrões e protocolos abertos, que promovem a interoperabilidade e a inovação. Estes são conceitos fundamentais para as Redes Abertas (“Open Networking”). As diversas organizações citadas desempenham papel essencial nesse processo, garantindo a colaboração entre fabricantes, operadoras e desenvolvedores. Dessa forma, os usuários finais se beneficiam de uma infraestrutura de comunicação cada vez mais robusta, flexível e unificada, impulsionando avanços tecnológicos contínuos em todo o setor.

Para a Anlix, os padrões sempre foram uma prioridade no desenvolvimento de seus produtos, pois é seguindo essa padronização que se evita o vendor lock-in. A empresa é membro do Broadband Forum e uma usuária do testbed do OpenRAN@Brasil. Na celebração dos 20 anos do padrão TR-069, a Anlix se destaca na América Latina como referência em gerenciamento de roteadores, independentemente do fabricante. 

Para garantir essa conformidade, cada dispositivo compatível com o Flashman passa por rigorosos testes que verificam se o roteador segue o padrão à risca. Nosso sistema Flashify de homologação de roteadores assegura que os milhares de parâmetros e funcionalidades de gerência funcionem perfeitamente com o protocolo TR-069, garantindo que os provedores possam gerenciar seus equipamentos de forma padronizada, robusta e interoperável.

Por Gaspare Bruno

CINO Anlix

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